segunda-feira, 14 de julho de 2008

Negócios das praias com esperança em Agosto

Os negócios nas praias estão em baixa este ano, devido à crise no consumo que atinge as classes mais afectadas pela conjuntura, verificando-se uma redução das receitas dos negócios instalados junto ao mar, à semelhança do que acontece no país, com o corte das férias dos portugueses. Contudo, «é o Agosto que dita» o resultado do Verão, como disse ontem de manhã ao Diário de Aveiro, o empresário do Barra Mar, Carlos Almeida, que tem a esplanada e restaurante mais próximos da praia mais frequentada da Barra, em Ílhavo. 
Comparando com o Verão de 2007, verifica uma quebra na facturação que atinge os cerca de 20 por cento, mas mantém a esperança que o próximo mês afaste as nuvens mais negras. 
Esta expectativa pelo mês mais forte do Verão alimenta a fé dos que têm negócios dirigidos às pessoas em férias. O Sol tem brilhado neste mês de Julho mas não tem afastado as nuvens negras da retracção no consumo. Mas, mesmo em crise, se o mês de Agosto for de Sol, as praias serão atractivas, os veraneantes não resistirão e a época pode estar salva. 
Pelo contrário, se o mês de Agosto não for de Sol, o Verão de 2008 pode ser um ano para esquecer. 
Enquanto isso, os empresários vão fazendo contas. No ‘Mundo das Utilidades’, que tem uma parafernália de produtos para os que vão à praia, contabiliza-se uma redução nas vendas, comparando com 2007, entre os 25 e os 30 por cento. As pessoas “compram o mais barato e o essencial. Nota-se que há falta de dinheiro”, disse Carlos Castro ao Diário de Aveiro. Está há 15 anos na Barra e diz que este “é o pior Verão”. 
Situação idêntica acontece em outros negócios nos quais, este ano, é notada uma quebra, mas é um sinal de alarme que começou a ser dado, principalmente, a partir em 2004, curiosamente o ano da realização em Portugal da final do Campeonato Europeu de Futebol, anunciado como uma alavanca para o sector do turismo. 
O aumento da oferta, como tem acontecido na Barra, provoca sempre uma redistribuição do consumo. A diminuição do consumo pode ser vista usando como referencial o café. Num restaurante visitado pelo Diário de Aveiro, se há quatro cinco anos, vendia 1.200 quilogramas de café num ano, agora fica-se pelos 500 quilogramas. Um outro caso, um bar de praia diz que há seis anos vendia três vezes mais café do que agora. Enquanto isso, os parques de campismo parece que não sofrem com a crise. Pelo menos, dois parques que o Diário de Aveiro contactou, não evidenciam sinais de preocupação. O parque da Barra encontrava-se ontem com 90,3 por cento de ocupação, enquanto o da Costa Nova não registava diferença com a do ano passado. 

Olho nu não engana 

Para avaliar os resultados da exploração turística, uma observação ao fim-de-semana engana mas, mesmo assim observam-se, com algumas excepções, mesas das esplanadas e de restaurantes a precisar de clientes. 
Durante a semana, a imagens deste Verão é de menos pessoas no areal, comparando com o Verão de 2007. “A primeira quinzena de Julho foi mais fraca”, disse ao Diário de Aveiro, Sérgio Moreira, um vendedor de bolacha americana, um dos doces típicos das praias da região. Num negócio que já vem do tempo dos seus avós, tem uma noção da mudança que tem assistido. “A crise está por todo o lado e enquanto a gasolina aumentar não temos hipóteses”, afirma. Percorrendo o areal durante a semana, repara que os que se encontram em férias “não vêm à praia todos os dias” e também nota que este ano há mais casas por arrendar. 
Sobre o areal, também estão os bares de apoio que registam um ano mais fraco comparando com 2007. Nestes pontos de serviço de restauração, os clientes revelam hábitos que evidenciam menos poder de compra. Se almoçavam e lanchavam na esplanada passaram a optar por uma das refeições. A noite também tem sido atingido pela crise e o número de clientes não tem justificado abrir o bar.

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