terça-feira, 11 de março de 2008

Acordo Ortográfico: novos dicionários

Na sequência da aprovação pelo Governo do segundo protocolo modificativo do Acordo Ortográfico, na passada quinta-feira, a Texto Editores lança na próxima sexta-feira dois dicionários e um guia em conformidade com as alterações previstas, informa a agência Lusa.
Segundo a editora, estas edições, a lançar para já apenas em Portugal, «visam dar a conhecer as alterações introduzidas pelo novo acordo ortográfico de 1990».

Serão editados dois dicionários e um guia, o «Novo Dicionário da Língua Portuguesa - Conforme Acordo Ortográfico», o «Novo Grande Dicionário da Língua Portuguesa - Conforme Acordo Ortográfico» e o guia intitulado «Atual - O novo acordo ortográfico - O que vai mudar na grafia do português».

As três publicações contam com a colaboração dos linguistas João Malaca Casteleiro e Pedro Dinis Correia e são as primeiras obras lexicográficas elaboradas segundo a nova forma de escrever português.

O «Novo Grande Dicionário da Língua Portuguesa - Conforme Acordo Ortográfico» integra mais de 250.000 entradas, «constitui uma obra alargada, de luxo, em caixa de dois volumes, de 1.024 páginas cada um», informa a Texto Editores, «esta edição apresenta um aspecto gráfico inovador, com capa em pele branca, títulos gravados em relevo a prata e bronze e num tamanho superior ao habitual».

O «Novo Dicionário da Língua Portuguesa - Conforme Acordo Ortográfico», «de carácter mais utilitário para uso diário em ambiente académico e profissional», inclui 125.000 entradas.

«Atual - O novo acordo ortográfico - O que vai mudar na grafia do português» é, segundo a nota da editora, «um guia acessível e de consulta rápida sobre as principais mudanças no acordo».


Em termos práticos, o que muda com a ratificação do Acordo Ortográfico?

- a unificação da ortografia implica que 1.6 por cento do vocabulário português tem de ser modificado. No vocabulário brasileiro haverá 0.45 por cento de alterações. Isto é o que diz o Acordo, mas, na prática, a percentagem é muito maior na língua portuguesa, tanto mais que as palavras em causa são frequentemente usadas. a dupla grafia pode atenuar as «alterações».

- O alfabeto passa a ter 26 letras com a inclusão do «K», o «Y» e o «W»;

- apesar das mudanças a nível de ortografia, as pronúncias próprias de cada país continuam iguais

- Exemplos de palavras que vão ter dupla grafia devido à diferença de pronúncia entre Portugal e Brasil: académico/acadêmico, amazónia/amazônia, anatómico/anatômico, António/Antônio, blasfémia/blasfêmia, cénico/cênico, cómodo/cômodo, efémero/efêmero, fenómeno/fenômeno, gémeo/gêmeo, género/gênero, génio/gênio, ténue/tênue, tónico/tônico e também bebé/bebê, bidé/bidê, canapé/canapê, caraté/caratê, cocó/cocô, croché/crochê, guiché/guichê, judo/judô, matiné/matinê, metro/metrô, puré/purê.

- Exemplos práticos de alterações na grafia: cai o «h» como em «húmido» e fica úmido, desaparecem o «c» e o «p» nas palavras onde não se lêem (são mudos), como acção, acto, baptismo ou óptimo.

- Mais exemplos de consoantes que desaparecem com o novo acordo: acionar, adjetival, adjetivo, adoção, adotar, afetivo, apocalítico, ativo, ator, atual, atualidade, batizar, coleção, coletivo, contração, correção, correto, dialetal, direção, direta, diretor, Egito, eletricidade, exatidão, exato, exceção, excecionalmente, exceções, fator, fatura, fração, hidroelétrico, inspetor, letivo, noturno, objeção, objeto, ótimo, projeto, respetiva, respetivamente, tatear.

- Nas sequências «mpc», «mpç» e «mpt», se o «p» for eliminado, o «m» passa a «n», como assunção e perentório.

- As terminações verbais «êem» deixam de ser acentuadas em Portugal e no Brasil (exemplos: creem, deem, leem, veem, incluindo os verbos com as mesmas terminações: descreem, releem, reveem, etc).

- Deixa de ter acento diferencial a forma verbal de «para».

- O acento diferencial para distinguir o passado do presente passa a ser facultativo.

- As formas monossilábicas do verbo haver perdem o hífen. Exemplos: «hei de», «hás de», «há de», «hão de». A palavra «fim-de-semana» também fica sem hífen.

- O hífen cai também em palavras compostas (em que se perdeu a noção de composição), que passam a ser escritas assim: mandachuva, paraquedas e paraquedista.

- Ainda em relação ao hífen: fusões de palavras quando há duplicação do «s» ou do «r», como antirreligioso, antissemita, contrarregra, contrassenha, extrarregular, infrassom.

- O novo acordo recomenda também que se generalize a fusão quando a terminação é uma vogal e o segundo elemento começa com vogal diferente: extraescolar, autoestrada.

- Meses e estações do ano passam a escrever-se com letra minúscula.

- No vocabulário brasileiro desaparece o acento circunflexo em palavras como abençôo, vôo, crêr, lêr e outras. Desaparece também também o trema em palavras como lingüíça, freqüencia ou qüinqüénio, assim como o acento agudo nos ditongos abertos como por exemplo assembléia ou idéia.

- Os defensores do acordo fazem questão de sublinhar que não elimina em nenhuma palavra qualquer letra que se leia numa pronúncia culta da língua, não estabelece regras de sintaxe, não interfere com a coexistência ou com as regras de normas linguísticas regionais, tem a ver somente com a maneira de escrever as palavras! Com o Acordo Ortográfico, a grafia das palavras passa a ser regulamentada nos países de língua portuguesa.


A minha opinião : « 1-0 ganha o Brasil »

1 comentário:

Anónimo disse...

Continuo a não estar muito convencida com este acordo ortográfico... =S